sexta-feira, 2 de março de 2018

Raquel Rolnik

Uma das reclamações mais comuns dos cidadãos das cidades brasileiras é que as cidades são "caóticas" e que "não há planejamento". Mas a cada rodada de elaboração de Planos Diretores, o que se vê é que o poder econômico não admite negociar seus interesses imediatos em favor de uma cidade melhor - que, no longo prazo, também reverteria em melhores oportunidades econômicas mesmo para ele. Aí, quando confrontado com o restante da população, esse poder econômico recua temporariamente, permite que uma lei "democrática" seja aprovada, para imediatamente se empenhar na eleição de um governante que vai ignorar esse "pacto social" (porque, afinal, era falso) e vai criar as condições para que aqueles interesses imediatos sejam plenamente atendidos. Somente a forte mobilização social poderá quebrar esse círculo vicioso que, por todo o século XX (no mínimo) gerou as catástrofes ambientais e urbanísticas que são nossas cidades.

Projeto de Lei de revisão do Zoneamento gera controvérsia, enquanto isto o zoneamento vai sendo alterado por decreto através dos PIUs (Projetos de Intervenção Urbana)

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