Este poema é intitulado "A Cronos", e faz parte dos "Poemas de um manual para habitantes das cidades".
Não queremos sair de sua casa
Não queremos destruir o fogão
Queremos por a panela no fogão.
Casa, fogão e panela podem permanecer
E você deve desaparecer como a fumaça no céu
Que ninguém segura.
Quando quiser se apegar a nós, iremos embora
Quando sua mulher chorar, esconderemos o rosto no chapéu
Mas quando vierem buscá-lo nos apontaremos para você
E diremos: deve ser ele.
Não sabemos o que virá, e nada temos de melhor
Mas a vocês não mais queremos.
Antes que se vá
Vamos cobrir as janelas, para que não amanheça.
Às cidades é permitido mudar
Mas a você não é permitido mudar.
As pedras queremos persuadir
Mas a você queremos matar
Não deve viver.
Não importa em que mentiras temos que crer:
Você não pode haver sido.
(Assim falamos como nossos pais).
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