Tenho dito isso há algum tempo: a questão é de se redesenhar as ruas de São Paulo. Os movimentos estão acontecendo, mas ainda de forma desarticulada: ciclovias, corredores de ônibus, redução de velocidade dos carros, agora calçadas. Há uma razão muito defensável nisso tudo, que é reduzir o privilégio dado aos carros, em favor de diversas outras formas de se deslocar e usufruir da rua. Mas o que falta é dizer que é preciso produzir DESENHO URBANO, projeto urbanístico para as vias. Um exemplo que eu vejo semanalmente: uma rua residencial próxima à faculdade onde leciono. A rua só comporta, de fato, uma faixa de "rolamento", em apenas um sentido. Carros só podem estacionar em um dos lados. Ainda assim, as dimensões da faixa de rolamento permitem que os carros trafeguem em alta velocidade, enquanto calçadas exíguas exigem dos pedestres, em muitos momentos, que caminhem fora delas. Bastaria, então: reduzir as dimensões da faixa de rolamento, permitindo alargamento das calçadas. Os pedestres circulariam melhor, o número de faixas não se alteraria mas os carros transitariam numa velocidade compatível com o tamanho daquela rua. É essa visão integrada que está faltando. De resto, a iniciativa merece todos os aplausos.